Pôneis malditos = trânsito bendito

Se você não passou a última semana debaixo de uma pedra. Se você acessou o Facebook, Twitter ou qualquer rede social. Se você viu o Youtube, ou conversou com alguém em um bar ou restaurante, ouviu a música: Pôneis malditos, pôneis malditos, lalalalalala”. A campanha espalhou-se pela internet quase tão rápido quanto aquela Oração, de uma certa banda autointitulada La más guapa. Ouvi os mais diferentes comentários, desde gente gostando dos tais pôneis, até aqueles que gostariam de ter criado a campanha.

E admito, é muito bem sacada. Mas, o assunto aqui é outro.

Dados alguns acontecimentos recentes, me pergunto se enaltecer os 172 cv de um veículo utilitário, que nunca verão mais do que uma estradinha vicinal de terra batida, é algo louvável. Afinal, para que tantos cavalos de raça para acelerar entre um farol e outro? Se você não passou a última semana debaixo de uma pedra. Se você acessou as mídias sociais ou leu o jornal, deve ter visto o caso de uma garota de 28 anos, dirigindo um Land Rover (que deve ter puros sangues sob o capô) a uma velocidade incompatível com a cidade, alcoolizada, acertar um muro, capotar o carro, sair ilesa, mas atropelar um inocente, que voltava a pé para casa justamente por não beber e dirigir. Antes disso, vimos outro caso parecido, de um Porsche, a 150 Km/h, acertar um Tucson e matar uma pessoa. O motorista, também nesse caso, estava embriagado.

A questão aqui é: as pessoas estão dirigindo carros cada vezes maiores, cada vez mais potentes. Apesar disso, a imprudência reina. E eu não me eximo de culpa: sei como é estar do outro lado, entendo o apelo da velocidade.  O problema é que temos uma tendência a esquecer que o carro, no fundo, é uma arma, que ele mata. (E, por sinal, se você quer matar alguém e sair impune, basta atropelar)
Dirigir um veículo de 172 ou mais cavalos em uma cidade, ou mesmo em uma estrada é um grande absurdo, comparável a sair por aí carregando uma escopeta carregada. Você brincaria com uma arma de fogo depois de tomar uns bons drink? Ou sairia por aí, apontando na cara das pessoas, só porque você sente que tem direito a isso? Se todos tivessem pôneis embaixo do capô, talvez o trânsito fosse mais seguro para todos.
Ah, e talvez você também tenha visto, caso não more sob o já mencionado mineral, a notícia do prefeito europeu que radicalizou na luta contra estacionamentos irregulares e desrespeito no trânsito. Como disse o João Lacerda, enquanto na Lituânia eles passam com um tanque em cima de um carro estacionado, aqui, eles passam com um carro, que parece um tanque, por cima de pedestres indefesos. O.o




Fonte: nossoquintal.org